A vida é mesmo um sopro.
A temos por instantes,
alguns anos...
E não mais que de repente,
ela escorre por entre os dedos
levando de nós, nossas alegrias
deixando-nos com nossos medos.
Frase feita.
Jargão.
Lugar comum.
De fato é...
A vida é isso tudo.
Nascemos vazios
de preocupações,
de angústias,
de durezas,
de senões.
Aos poucos,
enchemos nossas vidas
de pessoas,
de coisas,
das coisas que essas pessoas trazem.
De sentimentos e emoções.
E de repente...
A vida está cheia,
plena,
repleta,
de amigos,
de amores,
de ilusões,
de esperança,
de alegria,
de hojes,
de ontens,
de vida...
E de repente...
A "indesejada das gentes" se aproxima:
leviana,
sorrateira,
inesperada,
inescrupulosa.
E, rapidamente nos vem à mente:
a vida é um sopro....
E aí queremos tudo!
Prometemo-nos que mudaremos.
Que marcaremos aquele café com os amigos, adiado tantas vezes em nome da correria diária.
Que visitaremos os pais.
Que nos entregaremos de corpo e alma àquela música inesquecível que toca de madrugada.
Que faremos aquela viagem programada, desprogramada e reprogramada reiteradamente.
Que brincaremos na chuva.
Passearemos com o cachorro no fim de tarde.
Sentaremos com aquele amigo e resolveremos uma mágoa do passado.
Leremos os livros intocados na estante.
Faremos aquela ligação para a vovó postergada inúmeras vezes.
No entanto, em seguida, lembramos que a vida precisa continuar...
E tudo retoma seu curso, volta ao normal. Porque a vida não para!
Até que, novamente, nos defrontamos com a linha tênue que separa a vida da morte. A mesma linha que a morte utiliza para costurar sua teia a fim de mostrar nossa fragilidade. E, enredados por ela, tentamos parar e retroceder a roda do tempo.
É inútil! É tarde demais!
E o calafrio da morte percorre nossos ossos, segura nossas mãos débeis e leva-nos consigo.
Sem, ao menos, nos ter dado a derradeira chance.
Mas de quantas chances precisamos? Ou quantas queremos?
A vida é um sopro.
Um sopro de vida:
ventos de alegria, amor e bençãos.
Tempestades, redemoinhos.
Um sopro de sonhos.
Um sopro de alerta.
Um sopro de aviso:
Viva enquanto ainda há tempo; dá tempo!
Antes que a morte assopre seu gelado vento!
Livro: O que quero da vida