É domingo de manhã.
O clima frio e nublado detém os pequenos “enclausurados”.
O fogo está aceso.
A madeira crepita e arde em chamas.
As chamas criam formas na imaginação da criançada.
A água na chaleira se aquece para o chimarrão.
A panela de ferro ao lado se apronta para receber, mais tarde, o fubá para a polenta.
No forno, a batata doce assando inebria narizes famintos.
A fumaça sai da chaminé embalada pela aragem fresca. Baila ao vento, a esmo.
A garoa fina que cai molha a calçada e assanha os tico-ticos.
As violetas regozijam-se ao encontrar as gotículas.
Nos canteiros, o chuvisco faz brotar o aroma do capim-cidreira e da manjerona.
A família reunida ao redor do fogão à lenha põe a conversa em dia.
As risadas ecoam pela cozinha.
O calor do fogo aquece os corpos acabrunhados pelo vento que teima em se embrenhar pelas frestas do porão.
O carinho e a alegria que vicejam pelo ar aquecem os corações.
Corpos e corações aquecidos revelam vida.
Um detalhe. Um instante.
Uma lembrança fumegante!
Livro: O que quero da vida
Comentários
Rememorar estes momentos faz nossa alma reviver e sentir as mesmas coisas, os mesmos aromas que nos deixavam mui felizes! Que bela poesia!
Égamo | 22/04/2024 ás 16:16 Responder ComentáriosMuito obrigado, poeta Enoque. Sempre gentil.
Romeu Donatti | 23/04/2024 ás 21:18Lindíssima prosa poética, uma viagem na minha infância!
Edson Bento | 22/04/2024 ás 20:11 Responder ComentáriosQue bom que estes versos conduziram-te pelos recantos da memória. Obrigado pelo carinho, amigo Edson.
Romeu Donatti | 23/04/2024 ás 21:19