Lembrança do vento
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 16 de Dezembro de 2025 ás 03h 41min
O vento trazia me lembranças, um sussurro a vagar,
De um tempo distante, em danças, que a alma tenta apagar.
Passado perdido, dormente, em folhas que o outono traz,
Primeira infância, inclementemente, cobrindo os dias atrás.
O vento, um lamento magoado, cantava canções de aflição,
De um lar outrora desolado, sem luz, sem consolação.
Memórias tristes pairavam, como névoa sobre o chão,
E o coração, em prantos, clamava, por um doce perdão.
Tudo era dor, tudo era sofrimento, em tenra idade a penar,
Um fardo pesado, um tormento, difícil de suportar.
Olhos pequenos, sem alento, viam o mundo se fechar,
E a alma, num pranto lento, aprendia a se calar.
O vento uivava, incessante, levando as folhas no ar,
E, em cada sopro distante, um eco vinha me assombrar.
A lembrança cruel, constante, do passado a me fitar,
E a esperança hesitante, de um futuro a se encontrar.
Mas, mesmo em meio à tormenta, uma luz tênue surgiu,
Uma força que me sustenta, e me impede de desistir.
Pois, embora a dor ainda sinta, o passado já não me atingiu,
E, no presente, a vida me pinta, um futuro que ainda não viu.
O vento ainda traz lembranças, mas já não causam tanto mal,
Pois, nas novas esperanças, encontrei um porto final.
E, embora as folhas dancem, em espiral,
No outono, a alma alcança, um novo amanhecer sem igual.