Lamento de uma Árvore
Eu sou a sombra que te abrigava,
A paz que outrora respiravas,
Mas hoje, no vento que me açoita,
Ouves meu grito que ecoa e se esvai.
Minhas folhas, antes verdes e vivas,
Caem como lágrimas ao chão,
A seiva que corre em meu tronco
Agora clama em desespero,
Sufocada pela fumaça,
Pela machadada implacável.
Ah, como é triste ver-te partir,
Floresta que me nutria e protegia,
As tuas raízes já não se agarram
À terra queimada, vazia.
Onde cantavam os pássaros livres,
Agora ecoam só silêncios,
E o ar que deveria ser puro,
Está envenenado, pesado,
Como o choro que guardo
Dentro de mim, imutável.
Eu sou o refúgio que se perde,
O oxigénio que te falta,
E por cada árvore que cai,
Cai também um pedaço de nós,
E o mundo, que tanto te deu,
Vê-se a desvanecer aos teus pés.
Se ao menos me ouvisses,
Se ao menos sentisses,
Que minha dor é também tua,
Talvez não me deixasses só,