Lamento das Margens

Poemas | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 15 de Agosto de 2024 ás 20h 30min

Surgem, na luz pálida do amanhecer,  

As falsas operações, prenúncio de dor,  

Nos becos onde a esperança se afoga,  

E o silêncio se veste de luto.

 

Extermínio!  

A palavra se arrasta como um lamento,  

Uma sentença lançada sobre o povo preto, pobre, favelado,  

Que vive à sombra da mira.

 

Traficante?  

Não, ele não pisa no chão de barro,  

Seu império se esconde em condomínios fechados,  

Distante da favela que serve de fachada.

 

Marginal...  

Não é sinônimo de bandido,  

É todo aquele empurrado para as margens,  

Homens, mulheres, crianças, idosos,  

Trabalhadores que o Estado abandona,  

Como um lutador que empurra o adversário para as cordas,  

Com o objetivo de o finalizar.

 

O Estado, sempre ausente nas mãos vazias,  

Surge, enfim, com seu braço de ferro,  

Marginaliza, sufoca, condena,  

E retorna para dar o golpe final.

 

Nas margens esquecidas,  

A vida escorre como lágrima,  

Enquanto a força desce, impiedosa,  

Selando o destino dos que nascem para o lamento.

 

Comentários

'

Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.