Surgem, na luz pálida do amanhecer,
As falsas operações, prenúncio de dor,
Nos becos onde a esperança se afoga,
E o silêncio se veste de luto.
Extermínio!
A palavra se arrasta como um lamento,
Uma sentença lançada sobre o povo preto, pobre, favelado,
Que vive à sombra da mira.
Traficante?
Não, ele não pisa no chão de barro,
Seu império se esconde em condomínios fechados,
Distante da favela que serve de fachada.
Marginal...
Não é sinônimo de bandido,
É todo aquele empurrado para as margens,
Homens, mulheres, crianças, idosos,
Trabalhadores que o Estado abandona,
Como um lutador que empurra o adversário para as cordas,
Com o objetivo de o finalizar.
O Estado, sempre ausente nas mãos vazias,
Surge, enfim, com seu braço de ferro,
Marginaliza, sufoca, condena,
E retorna para dar o golpe final.
Nas margens esquecidas,
A vida escorre como lágrima,
Enquanto a força desce, impiedosa,
Selando o destino dos que nascem para o lamento.