Juventude não era fase, era incêndio,
era o corpo dizendo ao mundo: "eu sou agora".
Cada rua era rota de fuga ou chegada,
cada sonho, um tambor na madrugada.
Tinha-se pressa, mas também tinha-se pulso.
Era fácil amar, mesmo sem entender o nome.
E doía viver,
mas doía como ferida que pulsa porque lateja vida.
Os dias vinham de peito aberto,
e o mundo, ainda sem grades,
abria suas entranhas para aquele
que acreditava ser invencível.
Havia uma fé cega na própria força,
um pacto com o risco,
um gozo em desafiar os limites,
como quem dança no fio da navalha.
Às vezes, a solidão se vestia de silêncio,
mas bastava uma esquina, uma canção,
um amigo, uma faísca,
e tudo reacendia em festa, em fogo, em furacão.
Naquela juventude, o amor era desmedido,
feito maré sem cais.
Beijava-se com a fome dos que não têm amanhã,
amava-se com a coragem dos que não temem naufrágios.
Os sonhos? Ah...
Eram tantos que nem cabiam na cabeça,
viviam mais nos pés,
porque o que importava era andar.
E mesmo sem mapa,
mesmo com a dor nos bolsos,
se caminhava.
Porque havia dentro de si
uma revolução constante,
um grito em construção,
um homem por nascer.
A juventude era isso:
um milagre inquieto,
um incêndio bonito demais para apagar,
mesmo com o tempo soprando por dentro.
Comentários
A juventude é uma metamorfose, ótimo!
Edson Bento | 02/08/2025 ás 10:11 Responder Comentários