Jardim de ausências

Poemas | 2025 - NOVEMBRO - Caminhos da saudade: reflexões e encontros | Dolores Flor
Publicado em 23 de Março de 2025 ás 10h 52min

Plantei saudades como quem cultiva
as flores que ninguém mais regaria.
Em cada pétala, uma dor cativa;
em cada espinho, a ausência que doía.

 

Teu nome ainda ecoa entre as paredes
do tempo antigo que vivi contigo.
E mesmo que o silêncio me conceda redes,
não há abrigo mais forte que o abrigo

 

do que deixaste em mim — intacto e terno.
Teu gesto, tua voz, tua mão no meu dia.
És como o céu: distante, vasto, eterno,
e mesmo ausente... és companhia.

 

A saudade tem cheiro de tempo e de chão,
é lágrima doce que o peito consente.
É dor que não pede mais explicação,
mas vive ali — fiel, serenamente.

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