INFÂNCIA DIFÍCIL - INFÂNCIA FELIZ (Parte 1)

Cordel | Antologia Ireneu Bruno Jaeger e convidados | Josivaldo Constantino dos Santos
Publicado em 17 de Outubro de 2022 ás 16h 58min

NFÂNCIA DIFÍCIL - INFÂNCIA FELIZ (Parte 1)

Nasci em meio à luta

Entre a vida e a morte

Se hoje estou vivo aqui,

É por Deus e muita sorte

E por uma decisão

Tomada com o coração

Que me deu todo o suporte.

 

Já se passavam três horas

Do momento d’eu nascer

Minha mãe sofria muito                               

E com risco de morrer

Uma escolha aconteceu

Era ela ou era eu

Só um iria viver.

 

Se optasse por ela

Pro cemitério eu ia

Se optasse por mim

Era ela quem partia

Minha mãezinha querida

Ela optou pela vida

Que a nove meses trazia.

 

Eu fui puxado a ferro

Do seu ventre aconchegante

Entre a vida e a morte

Ambos sofremos bastante

Minha mãe sobreviveu

E aqui, hoje, estou eu

Muito feliz nesse instante.

 

Minha infância foi bem pobre

Não tive tudo o que quis

Vivia sempre com o mínimo

Pro abismo era um triz

Mas não me faltou escola

Nem amigos, nem a bola 

Eu digo que fui feliz.

 

Morando de aluguel

Com o dinheiro contado

Não tínhamos morada fixa

Mudávamos de lado a lado

E no fluxo dessa lida

Às vezes faltava comida

E ficava mais complicado.

 

 

Enfim, com muito sufoco

E pagando a prestação

Papai compra um terreno

E material de construção

Aos domingos ele ia

E pouco a pouco erguia

A futura habitação.

 

Eu carregava tijolo

Massa, meu irmão trazia

A mana tapava um buraco

Papai a casa fazia

Mamãe, trazia a comida

E a casa de nossas vidas

A família construía.

 

Na rua treze de maio

Lá no Vale das Parreiras

Dois cômodos foram erguidos

E coube a família inteira

Sem piso e sem rebocar

A família foi morar

Alegria verdadeira.

 

A vida continuava

Muito amarga, como fel

Mas mamãe agradecia

E erguia as mãos pro céu

Com toda a dificuldade

Mas agora, é verdade

Saímos do aluguel.

 

Da educação dos filhos

Era mamãe quem cuidava

Papai era o provedor

Mas na escola não pisava

Era interessante ver

Minha mãe, sem saber ler

Seus filhos, orientava.

 

Acompanhava o caderno

Também olhava a lição

E quando a

Ia pra reunião

Os filhos foram crescendo

E com a mãe aprendendo

Uma boa educação.

Comentários

Esse é o retrato de milhões de brasileiros. Muito bom!

Enoque Gabriel | 17/10/2022 ás 19:50 Responder Comentários
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