Independência de Raiz

Poemas | Silvia Dos Santos Alves
Publicado em 07 de Setembro de 2025 ás 15h 04min

Hoje o sol nasceu por trás da serra, 

com cheiro de pequi e promessa de chuva. 

O chão rachado do cerrado não reclama, 

ele espera. Como o povo daqui: firme, paciente, profundo.

 

Sete de setembro. 

Mas aqui, a liberdade não desfila em avenida, 

ela caminha entre trilhas de mata fechada, 

respira o ar puro do Parque Florestal, 

onde o silêncio é quebrado só pelo canto das araras 

e o riso solto das crianças no fim de semana.

 

A natureza não precisa de hino, 

ela já é sagrada. 

Cada folha tem cheiro de vida, 

cada galho abriga histórias escondidas 

de jabutis lentos e sábios, 

de macacos travessos que pulam entre sonhos, 

de jacarés que vigiam o lago como guardiões antigos.

 

Ali, os peixes deslizam como versos, 

as tartarugas descansam como se o tempo fosse amigo, 

e o espelho d’água reflete não só o céu, 

mas também o desejo de paz que mora em cada família.

 

O grito da independência ecoa diferente por aqui: 

é o grito do canoeiro que desafia a correnteza, 

da mulher que planta e colhe com mãos calejadas, 

do indígena que protege o que é de todos 

sem nunca ter sido ouvido.

 

Hoje, celebro o Brasil que não cabe no livro de história, 

mas vive nas margens do Teles Pires, 

nas feiras de Sinop, 

nas trilhas do Parque, 

nos olhos de quem ainda acredita 

que liberdade é viver em paz com a terra.

Comentários

Nossa! Que lindo! A poetisa faz um trançado entre o épico d o lírico! Fenomenal! No poema nada foi esquecido. Se me permite eu daria um novo nome ao poema: “Sinfonia da floresta”. Brilhante!

Lorde Égamo | 07/09/2025 ás 19:21 Responder Comentários

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