História melhor
Há momentos em que a vida se dobra sobre si mesma, como uma página que decide reescrever seu próprio enredo. Não há anúncio, nem aviso. Apenas um sopro suave, quase imperceptível, que desloca o destino alguns milímetros — o suficiente para que tudo, aos poucos, comece a mudar.
A história melhor nasce assim: pequena, delicada, num terreno onde a memória às vezes ainda dói. Surge entre os espaços silenciosos das escolhas, onde o coração, cansado de se repetir, resolve criar novas cores para o que antes era sombra. Cada lembrança ganha contorno diferente, como se o tempo tivesse aprendido a tocar com mais leveza.
E então, devagar, o caminho se alonga. O que antes parecia muro torna-se porta. O que era peso vira gesto. Há uma ternura que cresce por dentro, reorganizando o mundo sem alarde. A dor não some — apenas encontra um lugar onde possa descansar, enquanto o amor aprende a falar mais alto.
A vida, com sua teimosa delicadeza, convida: escreva outra vez. Refaça o que for preciso, não com pressa, mas com coragem. Porque toda história, quando atravessada pelo sonho, renasce. E quem ousa continuar, mesmo com medo, descobre que também pode ser autor da própria luz.
No fim, uma história melhor não é sobre perfeição, mas sobre recomeços que brilham no exato ponto onde a esperança toca o chão.