Ainda ontem revisitei gavetas
Gavetas da minha existência
Caixinhas de minha vida
Eram muitas
Uma a uma fui abrindo-as
Algumas estavam plenas
Outras, nem tanto
Havia poeira
Havia amor
Risos
Dor
Tristezas
Muitos momentos formidáveis
Havia insetos indesejáveis
Havia papéis gastos
Amarelados pelo tempo
Havia inquietude
Sofrimento
Rancor...
Havia ferrugem nos cantos
Pregos tortos
Havia pessoas
Havia pessoas incríveis
Havia colegas
Conhecidos
De repente deparei-me com uma gaveta dourada
Fui tomado pelo arroubo
Intrigado tentei abri-la
Ao conseguir, deparei-me com outra
Outra
Outra
Outra
Outra
E mais outra
Finalmente...!
Meu peito extasiou-se!
Ao defrontar-me com o conteúdo daquela pequena gaveta
Uma explosão de sentimentos pululava:
Um torvelinho precioso desfilava diante de meus olhos
E enchia minha alma da mais genuína gratidão
Nessa gaveta compartimentada
Indispensável em minha caminhada
Havia carinho, respeito e emoção.
Havia nomes familiares de A a Z
Parei um instante
Refleti
Emocionado,
Sorri...
Meu inestimável tesouro
A sete chaves trancafiado
Na gaveta da gratidão
Um a um, lado a lado
Dentro do meu coração
Estavam meus amigos:
Meu universo estrelado!
Livro: A sombra dos cinamomos