FOI ASSIM...

Crônicas | Bernadete Crecencio Laurindo
Publicado em 06 de Outubro de 2022 ás 20h 50min

FOI ASSIM...

 

Conta-se que era sempre a mesma coisa; irritantemente a mesma coisa. Deus, como a pessoa o irritava!

Aquela dedicação por ele, um zelo chato, cuidados, cuidados; preocupava-a se ele estava bem e feliz...

Dizer que isso jamais lhe tocava a sensibilidade, não era preciso. Aguçava-o a sensibilidade da irritação!

A pessoa sentia... Chegava, às vezes, a doer-lhe o coração; doer de dor dolorida, mesmo. Calava-se, porém. Interessava-lhe apenas e sempre, que tudo estivesse bem com ele.

Confortava-a, também, lembrar que houve tempos em que seus cuidados não o irritavam.

Foi depois, essa mudança. Sobreviera à inexorável inutilidade da pessoa...

A pessoa, contudo, não se desfazia de suas atenções para com ele, porque ele lhe era um bem maior, bom pedaço de Vida, de interesse maior, de razão de ela ser feliz.

Entendia, sim, entendia a irritação que causava, fazia propósitos de se emendar, de reconhecer que ele, não só não precisava de seus cuidados, como também os dispensava. Era necessário que a pessoa o deixasse distante de suas preocupações, tanto mais quanto fosse possível – era assim que ele precisava que a pessoa fizesse, era assim que ele desejava que fosse.

Deu certo.

Ele estranhou o silêncio. Quase sentiu-lhe a falta da falação chata, irritante.

A pessoa, enfim, calara-se para sempre.

Comentários

Parabéns!

Enoque Gabriel | 07/10/2022 ás 20:25 Responder Comentários
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