Eu queria ser feito de aço, imune ao toque da dor,
Não sentir o peso do mundo, nem o frio cortante do rancor.
Queria que os olhares maldosos, como flechas, me atravessassem,
Sem deixar marcas, sem que lágrimas descessem.
Neste mundo de corações blindados, de almas de pedra,
Queria eu também ser imune, não sentir a miséria.
Ah, como anseio por essa indiferença, por essa armadura,
Que me proteja da dor, da tristeza pura.
Mas aqui estou, coração aberto, vulnerável e real,
Sentindo cada espinho, cada gesto desleal.
Eu absorvo a dor do outro como se fosse minha,
E na minha pele, cada palavra áspera se aninha.
Neste teatro de máscaras, de sorrisos forçados,
Eu sinto demais, em cores e tons exacerbados.
Queria ser capaz de desligar, de não me importar,
Mas em cada canto escuro, eu procuro iluminar.
Eu queria não ser deste mundo, onde a insensibilidade reina,
Onde a empatia é rara, e a indiferença, uma teia.
Mas é justamente essa minha sensibilidade que me torna humano,
Que me conecta com o outro, num mundo tão insano.
Talvez seja essa minha força, meu verdadeiro poder,
Sentir com intensidade, não me esconder.
Por mais que doa, por mais que às vezes queira fugir,
É essa sensibilidade que me ensina a construir.
Um mundo um pouco mais gentil, um pouco mais amável,
Onde sentir a dor do outro não seja algo condenável.
Então, aqui estou, com meu coração exposto,
Esperando transformar esse mundo disposto.
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Imune ao toque da dor, Tudo que eu mais queria. Abraços
Carlos Eduardo | 10/02/2024 ás 11:39 Responder Comentários