EU DESCONHECIDO!
Sou um buraco negro sem fim
Onde agulhas pontiagudas
Espetam tortuosas em mim
Uma tétrica mofina, assassina
Declamada em falsa rima
Sendo trágica matéria-prima
Para explodir meu estopim!
Sou um tanto telúrico e letárgico
Vivendo em um mundo cáustico
O espaço místico meu é um breu
A solidão goza no mundo meu
E no vazio meu sonho feneceu
Mesmo tentando ser nostálgico
Tudo acaba extremamente trágico!
Sou um rebento sem consequência
De migalhas em pífias pujanças
Morrinhento, com nímias falências
Um morto vivo em sobrevivência
Esmeradamente tecendo entranhas
Nas profundezas mais bisonhas!
Dos abismos em mútuas vinganças!
Envelheci na terra
Morri no tronco
Queimando como palha
Na funesta fornalha
Como se com minhas cinzas
Estivesse pronto
Na esperança que minhas raízes
Brotassem tudo de novo!
Porém, este eu que aqui te digo
Não sou eu, e sim um desconhecido!
Edbento!