Eu descobri
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 08 de Dezembro de 2025 ás 16h 00min
Eu descobri um segredo enterrado nas areias do deserto
O sol causticante, a miragem tremendo,
cada passo uma luta contra o calor.
Dias de busca, sede constante,
a esperança quase perdida no horizonte.
Então, a mudança na textura,
um tom diferente sob meus pés.
Escavei, a areia escorrendo entre os dedos,
revelando pedra, fria e antiga.
Uma porta, selada por eras,
coberta de hieróglifos desvanecidos.
A curiosidade me consumiu,
a promessa de conhecimento, irresistível.
Dentro, a escuridão palpável,
o ar denso e empoeirado,
o silêncio que gritava histórias.
Pinturas nas paredes, cores vibrantes
preservadas da fúria do tempo.
A história de um povo esquecido,
seus rituais, seus amores, suas guerras,
tudo ali, contado em imagens.
Um rei sábio, uma rainha poderosa,
um império engolido pela areia.
O segredo guardado por milênios,
a fragilidade da grandeza humana,
a inevitabilidade do esquecimento.
Saí, os olhos marejados, a alma pesada.
O deserto agora parecia diferente,
não mais só areia e solidão,
mas um cemitério de sonhos,
um lembrete constante da nossa mortalidade.
O segredo agora era meu,
um fardo, uma dádiva, uma responsabilidade.
O deserto guardaria silêncio novamente.
E eu também.