Quando a ceia se desfaz em murmúrios
e as luzes se apagam pouco a pouco,
que permaneça em ti, em cada sulco,
o brilho sereno dos instantes puros.
Que não se apague o que foi partilhado:
a palavra gentil, o riso sincero,
o gesto ofertado sem qualquer exagero,
o bem silencioso, o bem ofertado.
Que a esperança não seja passageira,
como enfeite que se guarda na gaveta,
mas uma chama constante e verdadeira,
que ilumina por dentro, sem receita.
E se, por ventura, vierem os invernos,
que o Natal vivido te sirva de farol:
pois quem guarda dentro de si o eterno,
tem sempre uma estrela, mesmo sem sol.