ESSA MARGEM É MINHA
Poemas | Valter Figueira e convidados: Às margens da vida | Fátima CordelistaPublicado em 15 de Setembro de 2024 ás 15h 40min
ESSA MARGEM É MINHA
Estou sempre a margem da vida
Quando as coisas me são favoráveis
Fico a direita das que me convém
Ou a esquerda dos mais miseráveis.
Escolher a direita mais torta
Escondendo o óbvio e o capital
Exaltando o tirano e elevando a voz
Aplaudindo a face sorridente do mal
Escolher um lado me parece fatal
Se a fome está posta no prato vazio
Se são invisíveis à sociedade
Se a torneira seca e não há mais rio
Qual é a margem que o poder oprime
De que lado está o que rouba e consome
A mão que trabalha, o poema e o nome
Qual o preço a pagar a quem morre de fome
A fome do povo não é só de pão
Têm fome de paz, de cultura e de Amor
A sede de saber é maior que de água
Viver é difícil sendo pensador.