Supõe quem sou... porém não se iluda
Feito sou da substância enigmática
Que separa a vida crua, matemática
Do sonho nas asas amplas de Garuda*
Me torno nobre monstro... vil herói
Natureza em fúria incontida
Inspiração calma, que cria vida
Expiração a paradigmas destrói
Semente adormecida que mora,
Preso a ti entrelaçado estou,
Numa seara que o tempo descora
Decifra-me, então, sem demora
Pois força inelutável é o que sou
Que te faz em pedaços e devora
*Garuda: deus hindu dos sonhos com asas de águia.
Alexandre H C Mendes