... és sempre o mesmo

Prosa Poética | Daniel Izidoro
Publicado em 23 de Julho de 2022 ás 15h 26min

Sofrias de amor alma cansada, pedia, queria, abalada pela culpa de ter amado, mas ainda ama, ainda canta, como se fosse o último som a tremer as cordas vocais.

Tens medo de acabar e não vês direção alguma, ou quem sabe vês? Enxerga-te mais, ouves mais, te apressa já que o tempo não para e teu lânguido corpo já não é mais o mesmo, alvoroça-te, não vês futuro nos teus olhos ermos.

Andas fadigado, instigado a falhar, cai, desaba, não levantas e sente frio, medo, rancor, culpa por que és sempre o mesmo, andas exausto a morrer-lhe aos pés, mal caminhas pelas ruas, não te seguras em nada, não te seguram e cai mais uma vez, tropeça e geme, tuas forças não te erguem, palpitas, sentes o suor a escorrer a face, és sempre o mesmo, sentes que a vida é tristonha, e desanimas mais uma vez.

Andavas acorrentado, mal olhavas o céu azul que te cobria quando de repente és invadido pelo amor outra vez, jubiloso instante em que teus olhos se abrem e testemunham o sentimento que te consome, fostes estreitando o caminho, teu corpo respondia e eras consumido pelo prazer, pelo gozo, enfim tua dor passava, quem não via? não eras mais o mesmo.

Tuas mãos enlaçavam outras mãos, sentia-te forte, enchia-te de esperança, teu olhar via detalhes e toda beleza que havia em volta, mas logo passa o instante perante teus olhos e tua dor volta envolvida de medo de inconstância e nada podereis fazer, por que fostes e és sempre o mesmo.

Comentários

Parece uma prosa dedicada a alguém especial! Parabéns!

Enoque Gabriel | 23/07/2022 ás 17:34 Responder Comentários
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