Sofrias de amor alma cansada, pedia, queria, abalada pela culpa de ter amado, mas ainda ama, ainda canta, como se fosse o último som a tremer as cordas vocais.
Tens medo de acabar e não vês direção alguma, ou quem sabe vês? Enxerga-te mais, ouves mais, te apressa já que o tempo não para e teu lânguido corpo já não é mais o mesmo, alvoroça-te, não vês futuro nos teus olhos ermos.
Andas fadigado, instigado a falhar, cai, desaba, não levantas e sente frio, medo, rancor, culpa por que és sempre o mesmo, andas exausto a morrer-lhe aos pés, mal caminhas pelas ruas, não te seguras em nada, não te seguram e cai mais uma vez, tropeça e geme, tuas forças não te erguem, palpitas, sentes o suor a escorrer a face, és sempre o mesmo, sentes que a vida é tristonha, e desanimas mais uma vez.
Andavas acorrentado, mal olhavas o céu azul que te cobria quando de repente és invadido pelo amor outra vez, jubiloso instante em que teus olhos se abrem e testemunham o sentimento que te consome, fostes estreitando o caminho, teu corpo respondia e eras consumido pelo prazer, pelo gozo, enfim tua dor passava, quem não via? não eras mais o mesmo.
Tuas mãos enlaçavam outras mãos, sentia-te forte, enchia-te de esperança, teu olhar via detalhes e toda beleza que havia em volta, mas logo passa o instante perante teus olhos e tua dor volta envolvida de medo de inconstância e nada podereis fazer, por que fostes e és sempre o mesmo.
Comentários
Parece uma prosa dedicada a alguém especial! Parabéns!
Enoque Gabriel | 23/07/2022 ás 17:34 Responder Comentários