Meu amor, tua xícara ainda me olha
Da prateleira onde deixaste o gesto
Tua voz repousa sobre as almofadas
E tua risada vibra nas cortinas
O tempo levou teus passos embora
Mas esqueceu de levar tuas marcas
Teu modo de fechar as gavetas
Ainda mora nas minhas manhãs
Até o modo de dobrar os panos
Tem tua ausência como companhia
Te foste, mas deixaste um mapa
Feito de lembranças corriqueiras
E sigo teus rastros com ternura
Como quem acolhe o que ficou
Nem tudo se leva quando se parte
Algumas presenças viram costume
Com saudade domesticada, Eulália. 11 de junho de 2025