Querido, houve momentos tão breves
Mas neles coube o mundo inteiro
Teu olhar cruzando o meu silêncio
Teu riso dividindo minha tarde
E eu fingindo que era só amizade
Enquanto o peito gritava diferente
Quantas vezes calei por respeito
Mesmo com a alma pedindo presença
Teu toque nunca veio, mas bastava
Estar ao lado para me acender
Há quem diga que não houve amor
Mas como negar o que ainda pulsa?
Se não houve, por que ainda escrevo?
Se foi nada, por que dói tanto?
Há ausências que só fazem sentido
Quando se entende o que foi sonhado
Com lembrança não vivida, Eulália. 10 de junho de 2025