Amado, esta carta dormiu comigo
Em noites frias de pensamento denso
Fui escrevendo em pedaços, aos poucos
Como quem junta espelhos quebrados
Cada verso é uma parte escondida
Do que jamais ousei te confessar
Guardei teu nome entre minhas orações
Sem saber se era fé ou desespero
Amei-te com pudor e reverência
Como se amar-te fosse um rito sagrado
Houve dias em que te desejei
Com um calor que me assustava a alma
E mesmo assim, me calei por respeito
Ao destino que em nós era limite
Esta carta é a entrega sem cobrança
Com devoção contida, Eulália. 9 de junho de 2025