Amado, tua ausência se fez hábito
Como um copo de água toda manhã
Como fechar janelas ao entardecer
Ou buscar teu nome nos detalhes
Já não dói como antes, mas fere
Com a calma de uma ferida antiga
Uma que o tempo não se apressa em curar
Porque ela já virou parte da pele
A vida me exige outros afetos
Mas nenhum habita como tu em mim
És aquela lembrança que não grita
Mas que ressoa sempre que respiro
Não deixei de amar por me calar
Apenas entendi que o silêncio também fala
E que amar pode ser apenas deixar
Que tu vivas sem que eu te interrompa
Com respeito ao teu tempo, Eulália. 8 de junho de 2025