Querido, guardei tuas promessas mansas
Num canto onde a dor não me alcança
Não por vingança ou por desespero
Mas porque o amor precisa descansar
Tuas palavras tinham sabor de flor
Mas murcharam antes de abrir perfume
Não te culpo pelos gestos incompletos
Nem pelas ausências sem aviso
Talvez tu também tenhas tentado
Do teu jeito, no teu tempo confuso
Mas teu tempo nunca foi o meu
E o nosso relógio parou sem dizer
Agora, escrevo só para lembrar
Que fui inteira mesmo sem retorno
E por isso sigo com a cabeça erguida
Carregando em versos o que não coube em nós
Com dignidade calada, Eulália. 8 de junho de 2025