Amado, há dias em que te procuro
Mesmo sabendo que já não estás
A rotina me engana com sorrisos
Mas tudo volta a ti no fim da tarde
Teus lugares continuam vazios
Mesmo quando sento neles sozinha
Meu corpo, que um dia foi tua casa
Agora é abrigo de silêncio e frio
A ausência se instalou sem licença
E fez do meu tempo tua morada
Sigo fingindo normalidade
Mas o peito insiste em te chamar
O mundo não percebe que morri
Um pouco toda vez que não viestes
Se não me lembras, não te condeno
Mas lembra que aqui ainda te escrevo
Com ausência habitada, Eulália. 6 de junho de 2025