Há quem diga que viver é mais do que existir. Outros afirmam o contrário, que existir é o gesto maior, o salto para fora, o ex que rompe o limite do viver.

Viver é biológico, existir é simbólico.
O viver pertence ao corpo, o existir pertence à consciência.

Quem apenas vive cumpre o ciclo do sangue, respira, caminha, repete.
Quem existe, porém, interrompe o fluxo, interroga o sentido, nomeia o invisível.

A etimologia nos oferece o mapa.
Do latim ex-sistere, existir significa “colocar-se para fora”, “manifestar-se no mundo”.
O prefixo ex é o chamado, o movimento de saída, o convite para deixar o abrigo do viver e lançar-se à travessia.

O que é o humano senão esse ser que não cabe no próprio corpo?
O que é existir senão o ato de sair de si e voltar diferente?

Heidegger chamou isso de Dasein, o ser-aí, lançado no mundo.
Sartre afirmou que primeiro existimos, depois nos inventamos.
Nietzsche gritou que a vida só tem valor quando afirmada em excesso.
Frankl lembrou que viver só faz sentido quando encontramos um porquê.

Cada um deles, à sua maneira, sussurra o mesmo segredo: existir é responder ao chamado da própria presença.

Viver é permanecer, existir é arriscar.
Viver é ter batimentos, existir é ter direção.

Há quem viva a vida inteira sem jamais ter existido, e há quem exista por um instante e transforme séculos.
Porque existir não é sobreviver, é revelar-se.

Na filosofia africana, Ubuntu significa "humanidade para com os outros", existir se baseia na ideia de que "eu sou porque nós somos". O conceito de existir enfatiza a importância do coletivo sobre o individualismo.

Na Arqueologia do Existir, cavar a si mesmo é o caminho.
É o gesto de retirar as camadas do viver automático até encontrar o vestígio daquilo que respira em silêncio.

Existir, afinal, é emergir do próprio fundo, é sair do “ex” de si para encontrar o “ser” que se oculta no tempo.

Carlos Onkowe, in: @arqueologiadoexistir
#ArqueologiaDoExistir #FilosofiaViva #Autoconhecimento 

#OntologiaDoSer #ExistirÉAto #Heidegger #Sartre #Nietzsche 

#Jung #ViktorFrankl #PoéticaDoSer #ConsciênciaViva