No átrio sereno onde repousa o tempo,
eis que teu nome ressoa, brando e fiel,
feito brisa que acaricia o pensamento,
feito alvor que nasce em meu céu.
Teu vulto — sombra delicada de aurora —
cruza meus dias com luz que não se apaga.
És a razão que, embora ausente, ancora
a alma que por teu gesto se embriaga.
Não te declaro em voz, mas em suspiro;
não te confesso em verbo, mas em olhar.
Amar-te é silêncio que me inspiro,
é doçura que se nega a cessar.
Se por ventura leres estes traços,
saibas: foste e és o que me perpetua.
Entre véus e silêncios, em meus espaços,
habitas como estrela em noite nua.