No vasto campo do tempo, onde o vento sopra inquieto,
caminham os semeadores de histórias, pés descalços sobre o incerto.
São jovens, almas em brasa, entre o medo e a euforia,
escrevendo suas jornadas na terra úmida do dia.

Plantam sonhos entre os dedos, regam dúvidas na mente,
tateiam entre auroras e eclipses, no crescer efervescente.
Cada riso, uma alvorada; cada pranto, tempestade,
são raízes que se entrelaçam no jardim da identidade.

E há dias em que se perdem, mapas rasgados ao vento,
sem saber se seguem rumo ao sol ou ao desalento.
Mas há também primaveras, onde tudo faz sentido,
quando colhem entre os versos o amanhã recém-nascido.

No espelho, as sombras dançam, o reflexo é passageiro,
e no peito pulsa a dúvida: sou eu mesmo ou um estrangeiro?
Mas os semeadores seguem, entre quedas e esperanças,
pois sabem que mudar é arte, e a vida, um campo de andanças.

Assim crescem, dia a dia, entre folhas que se vão,
e ao florescer, descobrem que são a própria estação.
E quando olham para trás, com o olhar já diferente,
percebem que em cada mudança semearam sua semente.