Entre Linhas e Silêncios

Crônicas | Antologia Amanda Mazzei e convidados: a arte em palavras | Matile Facó
Publicado em 20 de Janeiro de 2024 ás 17h 11min

Era uma cidade onde o cinza dos prédios se confundia com o cinza das almas apressadas. Ruas tumultuadas, mentes ocupadas, e no meio desse cenário, um refúgio silencioso: a biblioteca esquecida.

A biblioteca era um relicário de histórias não contadas, um santuário da arte em palavras. Nas prateleiras, livros repousavam como guardiões de mundos inexplorados, esperando serem desvendados por corações famintos por magia literária.

As páginas amareladas e os cantos dobrados eram testemunhas de um tempo que se desenrolava devagar entre estantes repletas de segredos. Cada livro, um portal para um universo paralelo, aguardava alguém disposto a perder-se em suas entrelinhas.

Ao entrar na biblioteca, uma jovem, cujos olhos brilhavam com a curiosidade de mil estrelas, sentiu-se acolhida por uma atmosfera de tranquilidade. O silêncio ali não era vazio, mas cheio de murmúrios de personagens que sussurravam suas histórias.

Ela percorreu corredores repletos de encadernações gastas, cada passo ressoando como uma reverência à arte de expressar sentimentos em palavras. Cada livro que tocava era uma pintura verbal, uma escultura de emoções talhada por mãos invisíveis.

Sentou-se num canto isolado, mergulhando nas páginas de um romance esquecido. As palavras fluíam como um rio serpenteante, transportando-a para terras distantes e eras passadas. Ela não lia; ela vivia as palavras, sentindo cada emoção, absorvendo cada matiz da narrativa.

A jovem percebeu que, naquele santuário de sabedoria, a arte não estava apenas nos quadros pendurados nas paredes, mas nas palavras que ganhavam vida nas mentes dos leitores. Cada frase era uma pincelada, cada capítulo uma sinfonia.

Enquanto folheava as páginas, ela notou outros seres silenciosos, cada um imerso em sua própria jornada literária. A biblioteca era uma galeria de almas, cada leitor um apreciador de telas invisíveis pintadas pelo poder da palavra.

A tarde se despediu lentamente, mas a jovem permaneceu ali, presa entre as linhas de um mundo que não queria deixar. A biblioteca, com seu aroma nostálgico e suas histórias antigas, tornou-se seu refúgio, seu escape do cinza apressado lá fora.

Ao sair, a jovem carregava consigo mais do que livros. Levava consigo a certeza de que a verdadeira arte, a arte em palavras, não conhece limites de tempo ou espaço. Ela sorria, ciente de que, em cada página lida, havia desenhado um novo capítulo na tela da sua própria existência.

Assim, a biblioteca esquecida continuava a ser um santuário, aguardando por almas inquietas prontas para desvendar os segredos contidos nas palavras, onde a arte florescia entre linhas e silêncios.

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