Entoa Resistência
Poemas | 2024/8 Antologia Vozes Literárias | JOICE RIBEIROPublicado em 25 de Agosto de 2024 ás 09h 14min
Sou menina-mulher preta,
meu rosto carrega enigmas como a noite,
meus cabelos carregam as raizes da ancestralidade,
mas há qluem olhe para mim, e se ache no direito de apagar minha cor.
Cresço em uma nação,
que reflete sobre minha alma dor,
de ser "diferente" em meios tão anormais,
de ouvir altos sussuros que dilaceram e deixam minha carne exposta a olho nú,
de sentir a distância em distanciamentos entre "nós".
E dentro dee mim,
diáspora e mar profundo,
feito de forças ancestrais,
um turbilhão na maré cheia,
"ori"entados lavando medos, dores, solidões.
Sou menina-mulher preta,
minha pele conta histórias de resistência,
minha voz ecoa liberdade e, apesar das grandes muralhas,
brotam flores em meio as lacerações de minha pele.
Ombros pesados carregando,
pesos dos séculos e o serciamento da voz,
mas também alegrias em saber que a resistência ancestral me faz cada dia maior,
sou a continuação de um legado de fortes forças femininas.
Nos espaços que me negam,
eu vou criança meu quintal de oportunidades,
lugar que posso dançar de pés descalços,
sentindo o poder da terra que é o meu chão.
Sou menina-mulher preta,
muralhas não irão me conter,
o Sol erradia e faz minha pele brilhar,
a história que meu corpo conta,
narra a força viva que minhas mãos cultivam.
E esta perto o dia das vozes pretas se unirem.
Ser resistência.
Ser livertação.
Ser viver(essência).