Uma de nós inicia dizendo:

Aqui dentro

Habita muitas versões de mim

Em todas elas

HÁ na pele

Marcas e cicatrizes

Memória de muitas histórias

Outra acrescenta:

Sou fruto maduro

Alimento desejado

Minha identidade é multifacetada

Sou classe operária

Meu Grito é de resistência

Clamo por liberdade

Conclamo por sororidade

Meu silêncio é de indignação

Tenho fome de equidade

Sede de esperança

O meu pulsar é de inquietudes.

Destemida, outra cheia de representatividade bate no peito e encoraja as demais:

Sou minorias

Eu me tornei mulher

Porque em um passado não distante

Tivemos nossa autonomia privada

Privaram-nos de tantas coisas

Da nossa subjetividade

Do âmbito escolar, acadêmico...

O patriarcalismo nos condicionou.

Às sombras da domesticidade e reprodutividade a nós delegou

Fomos subestimadas

Subjugada...

A hegemonia máscula nos oprimiu.

Cortinou nossa voz...

Hoje sou história de muitas histórias

Sou sororidade

Ei, mulheres, juntas somos forças!

Juntas rompemos com as dicotomias entre mulheres e homens

Hoje somos protagonistas

Escrevemos a nossa própria história.

Em comum acordo, outra com uma voz serena se levanta e continua:

Sempre fomos de luta, ainda que anonimamente

Linda a nossa diversidade

Somos seres múltiplos

Somos mulheres!

Eu, em alto bom tom, minha voz:

Eu sou sonhadora

Sou desejo incontido

Faço versos transforme-me em poemas

Exponho avessos

Grito os meus eus

Metamorfoseio

Torno-me poesia...