Emoção, onda selvagem, mar bravio que nas profundezas do ser, sem aviso, desponta. Nasce do nada, um sussurro da alma que, em tempestade, se transforma. Instantânea, poderosa, energia pura que o corpo governa, o pulso acelera, a pupila dilata, o mundo colore. É o raio no céu do existir, a tempestade inesperada, o soluçar da terra em seu girar.
Sentimento, porém, é o rio que corre após a chuva, o curso que se desenha no leito da experiência. Mais lento, profundo, complexo, uma alquimia que transforma o impulso em tapeçaria, o bruto em refinado. Sentimento é emoção decantada, a poesia que se escreve depois do furor da inspiração.
Emoção é o grito; sentimento, o eco, uma resposta pronta do corpo, o outro, contemplação da mente. Emoção, o céu em fogo; sentimento, as estrelas que permanecem.
E entre eles, dança a vida, tecendo a trama do que somos: seres em busca de entender o efêmero e abraçar o eterno.