ECOS DE VALMEDRA

Contos | Antologia Neiva Guarienti Pagno e convidados - Momentos Inesquecíveis | Amanda Mazzei
Publicado em 25 de Maio de 2024 ás 18h 32min

No vilarejo de Valmedra, escondido entre colinas verdejantes e rios cristalinos, o tempo parecia ter parado. As casas de pedra com telhados de barro, as ruas de paralelepípedos e as pequenas lojas de madeira contavam histórias de um passado longínquo. Ali, todos conheciam todos, e as tradições eram respeitadas como tesouros preciosos.

Dentre os moradores, Dona Helena era a mais antiga. Com seus cabelos prateados e olhos que brilhavam como estrelas, ela carregava consigo a sabedoria dos anos. Sentada em sua cadeira de balanço, na varanda de sua casa, Dona Helena gostava de relembrar os velhos tempos, quando a vida era mais simples, mas cheia de encantos e magia.

Certa tarde, enquanto o sol se punha em um espetáculo de cores douradas e alaranjadas, um jovem visitante chegou ao vilarejo. Rafael era um rapaz da cidade grande, onde o tempo corria sem parar, e as pessoas viviam em um frenesi constante. Ele estava à procura de suas raízes, da história de sua família, e havia ouvido falar que Dona Helena sabia mais sobre o passado de Valmedra do que qualquer outro.

Com um sorriso acolhedor, Dona Helena convidou Rafael para sentar ao seu lado. "Você veio em busca de respostas, meu jovem?", perguntou ela, olhando-o com curiosidade.

"Sim, senhora. Meu avô falava muito deste lugar, mas nunca tive a chance de visitá-lo enquanto ele era vivo. Sinto que há algo importante que preciso descobrir aqui", respondeu Rafael, com um tom de saudade em sua voz.

Dona Helena acenou lentamente. "Seu avô, João, era um homem de coração puro. Ele costumava brincar nessas ruas quando era criança, assim como você deve ter brincado nas ruas da cidade. Mas aqui, cada esquina, cada pedra, tem uma história para contar."

Enquanto a noite caía, e as estrelas surgiam uma a uma no céu, Dona Helena começou a contar histórias dos velhos tempos. Falou sobre as festas de colheita, onde o vilarejo se unia em celebração, sobre as serenatas sob a luz da lua, e sobre o amor que florescia nos corações dos jovens. Contou sobre a antiga praça, onde um carvalho centenário guardava segredos e promessas.

Rafael ouviu atentamente, sentindo-se cada vez mais conectado com suas raízes. As histórias de Dona Helena não eram apenas sobre o passado; elas eram vivas, pulsavam com a essência de uma época em que a vida era tecida com laços de comunidade e amor.

"Seu avô sempre dizia que a magia de Valmedra estava nas pessoas", disse Dona Helena com um sorriso. "Ele acreditava que, mesmo com o passar dos anos, a essência do vilarejo jamais se perderia, desde que alguém continuasse a lembrar e a contar as histórias."

Rafael percebeu que sua busca não era apenas sobre encontrar respostas, mas sobre reconectar-se com uma parte de si mesmo que havia sido esquecida. Ao final da noite, agradeceu a Dona Helena e prometeu voltar para ouvir mais histórias.

Nos dias que se seguiram, Rafael explorou Valmedra com novos olhos. Cada canto do vilarejo, cada rosto amigável, parecia familiar e querido. Ele sentiu que havia encontrado mais do que suas raízes; havia encontrado um pedaço de sua alma.

E assim, os velhos tempos de Valmedra continuaram a viver, não apenas nas memórias de Dona Helena, mas também no coração de Rafael. Ele compreendeu que o verdadeiro valor das histórias não está apenas no passado, mas em como elas nos moldam e nos conectam com o presente.

Ao final de sua visita, Rafael prometeu a si mesmo que levaria as histórias de Valmedra consigo, compartilhando-as com aqueles que, como ele, buscavam se reconectar com suas raízes. E assim, a magia dos velhos tempos continuaria a viver, ecoando através das gerações, como uma melodia eterna tocada pelo vento.

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