— Esquece.
— Como, se teu nome grita em minha pele?
— O tempo cura.
— O tempo ri. Me deixa febril, me arrasta, me mastiga e cospe.
— Você ainda chora?
— Eu rio, às vezes. Mas o riso arde, e o peito vira deserto.
— Isso é exagero.
— Então me explica essa sede que nada sacia.
— Você pensa em mim?
— Não penso. Teu cheiro me invade antes do pensamento.
— Você me culpa?
— Culpo o silêncio, culpo o vazio onde tua voz morava.
— Vai passar.
— E se não passar? E se eu me acostumar à loucura?
— A vida segue.
— E se eu disser que prefiro me perder a seguir sem você?