Donos do tempo
Poemas | Antologia Isolti M. Cossetin e convidados - Palavras aladas | Darcília LebronPublicado em 22 de Junho de 2024 ás 01h 51min
Donos do tempo?
Tempos modernos...
Já não se mata mais o tempo?
Tampouco se fala em passatempo?
O tempo voa no mundo digital.
Falta tempo?
Na minha, na sua agenda...
No seu computador de pulso?
...tentando pendurar nos dígitos.
...nos ponteiros do relógio antigo da matriz
que marca as horas de alegria e de dor.
No badalar dos sinos,
nas cidadezinhas do interior.
Para o ativo, falta horas.
Para o que espera, sobra no prato, no cardápio, no palato...
Os ponteiros estão parados, congelados, enferrujados,
para aqueles que esperam um milagre:
A cura
O cessar-fogo
A próxima refeição
Passar a dor do coração.
Na aflição, as horas são infindas
Os segundos esticados como elásticos.
O tempo da mãe, que espera o regresso de um filho.
O ancião que espera eternamente a visita.
O moribundo que espreita as horas.
O tempo de encontro dos amores, dos amantes.
O tempo é de cada um...
Somos reféns do tempo?
Ou ele não existe?
O cronológico está aí, aqui.
Mas o outro tempo...
Esse que pode ter várias nuances...
Esse é subjetivo.
Amigo e inimigo.
É meu, seu e do outro.
de ninguém...
ou de quem o quiser.
(Darcília Lebron, abril 2024)