Devaneio
A neve está caindo lá fora
O frio corta mais que o aço da navalha.
Não há pássaros a voar.
No jardim, as flores esqueceram
De desabrochar.
Na lareira, o fogo a crepitar
É o único som audível do lugar.
Sentada em frente à vidraça
Embaçada
Vislumbro um vulto
Que aos poucos se aproxima...
Imediatamente ouço batidas
Súplices na porta.
Receosa não sei se abro
Ou se simplesmente finjo-me
De morta.
Tomada por um sentimento estranho
Deposito a taça de vinho
Sobre a mesa
E num sobressalto
Vejo-me com a mão no trinco.
Vagarosamente abro a porta.
Em minha frente está alguém
Que me fita com dois olhos
Enigmáticos
Procuro um sorriso, não há.
Quero dizer algo, não consigo.
Um floco de neve cai em meus olhos.
Fecho-os na tentativa de livrar-me
Desse incômodo.
Um vento gélido parece
Queimar minha face.
Abro meus olhos lentamente...
Não há mais ninguém ali.
Assim como o floco de neve,
Simplesmente da minha frente
Aquele alguém desapareceu.
Tudo o que consigo pensar
É que se isso foi real
Ou se seria apenas
Um devaneio meu?
Comentários
Belíssimo poema!
Rosemeire | 21/08/2022 ás 20:47 Responder ComentáriosLindo poema!
Antonia | 24/08/2022 ás 22:04 Responder ComentáriosLindíssimo, parabéns!
Edson Bento da Silva | 25/08/2022 ás 10:57 Responder Comentários