Devaneio

Poemas | Isolti Cossetin
Publicado em 21 de Agosto de 2022 ás 20h 13min

Devaneio

A neve está caindo lá fora

O frio corta mais que o aço da navalha.

Não há pássaros a voar.

No jardim, as flores esqueceram

De desabrochar.

 

Na lareira, o fogo a crepitar

É o único som audível do lugar.

Sentada em frente à vidraça

Embaçada

Vislumbro um vulto

Que aos poucos se aproxima...

 

Imediatamente ouço batidas

Súplices na porta.

Receosa não sei se abro

Ou se simplesmente finjo-me

De morta.

 

Tomada por um sentimento estranho

Deposito a taça de vinho

Sobre a mesa

E num sobressalto

Vejo-me com a mão no trinco.

 

Vagarosamente abro a porta.

Em minha frente está alguém

Que me fita com dois olhos

Enigmáticos

Procuro um sorriso, não há.

Quero dizer algo, não consigo.

 

Um floco de neve cai em meus olhos.

Fecho-os na tentativa de livrar-me

Desse incômodo.

Um vento gélido parece

Queimar minha face.

 

Abro meus olhos lentamente...

Não há mais ninguém ali.

Assim como o floco de neve,

Simplesmente da minha frente

Aquele alguém desapareceu.

Tudo o que consigo pensar

É que se isso foi real

Ou se seria apenas

Um devaneio meu?

Comentários

Belíssimo poema!

Rosemeire | 21/08/2022 ás 20:47 Responder Comentários

Lindo poema!

Antonia | 24/08/2022 ás 22:04 Responder Comentários

Lindíssimo, parabéns!

Edson Bento da Silva | 25/08/2022 ás 10:57 Responder Comentários
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