A construção de patamares sólidos se faz tão real quanto os seus desmoronamentos, hoje percebo que a falta de esperança é potencialmente tão desrruptiva quanto o poder do seu excesso.
Penso muito a respeito da minha luta contra a decadência, sobre bons hábitos e ascenções gradativas que prometem evitar que uma grande tragédia se torne o futuro. Para a minha surpresa, o pavio que queima até a destruição é composto de normalidade em sua forma propriamente dita.
O curso da vida, em última instância, possui o poder de evidenciar. Leis naturais perpassam nossas janelas e as cortinas são rasgadas com violência para revelar verdades irreverentes sobre a natureza das coisas. Hoje foi um dia desses.
Depois de beber muito puto
Bon jovi gritava na minha orelha enquanto eu pilotava e cantava como um insano por planícies irregulares e finalmente me sentia o protagonista de algo real
Boa parte da magia da vida habita lugares esquisitos, territórios inférteis, transbordes humanos e de pouco valor utilitário, cuja sua ocorrência é apenas uma medida de contingência para evitar um evento que tenho motivos para acreditar que nunca chegará
E se chegar, já não faz mal.
Minha ira é irreverente, habita e transcende esses atos de impulsividade, faz morada num olhar vazio, em uma reverência respeitosa, contendo de modo tácito minha intenção de atemporalidade, deixar uma marca no meu chão, mesmo que seja no formato do meu corpo morto
O que um peregrino cansado faz após a jornada?
Tenciono minhas expressões ao encarar o vasto horizonte pela frente
Nesse momento
Estou num lugar onde não há sol
Ou mesmo qualquer espaço para contemplação
E até que a glória chegue, manterei meu espírito vivo cometendo pequenos sacrilégios, fantasiando possibilidades líricas onde sou um conspirador e me misturo entre os nativos selvagens no aguardo da revolução que transformará tudo em cinzas, queimando todo câncer de nosso tempo em uma intensa azia global.