Desencontros e encontros

Os astros se alinham no cosmo inexorável

As galáxias se agrupam em famílias de astros distintos

As combinações celulares se ajustam e se organizam em multiplicidade e renovação

Eu?

Me desalinho

Me desorganizo

Me disperso

Me contorço

Me desajusto

Me desconecto

E Me viro do avesso

Pra me alinhar à mente de Deus

O meu sensorial pulsante tateia em busca da energia Divina

A busca da consciência

Me traz a dor

O conflito interno

A confusão mental

Me jogo em mim mesmo

Me deixo experimentar

Desentender

Entender

Um boxeador nocauteando no ar

Um treinar-se pra vida

Complexa engrenagem questionando o manual de instruções...

Não há luz nos corredores

Nos bastidores do teatro da vida

é preciso ascender o próprio gerador de forças

O dínamo

A luz interna de emergência

E fazer dela a fonte principal.

No meio do crop circle encontro o seu próprio Criador:

O fazendeiro

O ceifador

O semeador

E...

Apesar de me parecer estranho,

não o é.

É Ele,

Aqui

Me encontrando dentro do labirinto de mim mesmo

Eu me vendo no espelho...

Uma criança correndo para encontrar o nada

E depois tendo que se haver com isso.

Há espaços no teclado do roteiro da história da vida

Pressionados aleatoriamente

entre a distância percorrida e o percurso a se fazer.

Me jogo largada no divã.

Choro todas as minhas dores insanas

Injustificáveis pelo mundo e pelo dedo de Deus.

Ingrata e Grata

Pela peneira do bateiador

Pelos aparatos do ourives

Pelo bisturi do médico.

Que satura

Que rasga com precisão

O mioma

E o extrai.

Retirando

Limpando

Assepsiando

Tratando

Curando

E reestabelecendo a ordem

No organismo celular.

Canto Amazing Grace e durmo no meu próprio colo e no colo de Deus.

                                                                                                         (Darcília Lebron)