Desapego.

Prosa Poética | Rose Correia
Publicado em 06 de Fevereiro de 2025 ás 17h 40min

Desapego

 

A caminho, conversando, a companhia era agradável,

porém, em seu pensamento, muitas coisas iam se passando.

 

O lugar não havia mudado,

parecia ser o mesmo, as mesmas cercas

que protegiam os animais.

As frutinhas no meio do caminho

alimentavam ainda mais o anseio

de rever aquele lugar onde tantas dificuldades enfrentou,

mas também viveu muitas diversões, brincadeiras, traquinagens e aventuras.

 

Atentamente, observava a paisagem.

Podia sentir a brisa em seu rosto, o vento em seu cabelo.

Ao longe, avistou a mesma porteira rústica que cercava a entrada.

O coração acelerou ao perceber que pouca coisa havia mudado.

Os pés de frutas nativas estavam carregados, porém verdes. Não provou.

 

Só mais alguns passos e estaria onde seu nome foi escolhido,

onde seus dias foram doídos, mas também divertidos.

A casa não existia mais.

O coração, apertado no peito, quer ser forte, porém não tem jeito.

 

Uma enxurrada de nostalgia invade seus pensamentos.

As lembranças tomam seu ser:

a horta, o curral, as flores,

a casinha onde armazenávamos nossos mantimentos.

Tudo retorna agora, trazendo uma mistura de saudade, dor e desapego,

que, em silêncio, ela absorve.

 

Ah... o grande pé de araucária não estava mais ali,

nem o pé de ameixa,

muito menos seu preferido, o pé de amora.

Então, ela se senta sobre um pequeno resquício e desaba.

 

As lágrimas escorrem pelo rosto,

as palavras somem, dá para ouvir as batidas do coração.

Por alguns minutos, ela apenas respira,

olha e exala o cheiro dos eucaliptos,

que reinam onde, um dia, foi seu lugar de criação.

 

 

Rose Correia.

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