Ah, que se abram as portas do abismo,
o fogo já queima, e não há recuo,
na pele, teu toque é um sismo,
no peito, um grito que rasga o mundo.
Teu cheiro invade, feroz, insano,
aroma de guerra, de rendição,
me prendes nos dentes, e eu me engano,
achando que há freio na combustão.
Sussurros que arranham, gemidos que rugem,
a cama é um barco que perde o leme,
as unhas escrevem na carne que urgem,
os beijos violentos não pedem permissão.
E mordes meu caos, engoles meu medo,
o gozo é um rio que nunca termina,
em desalinho, sem pudor ou segredo,
tua loucura é febre que me alucina.
De nós, o desejo se faz tempestade,
tempestade que nunca deseja cessar,
que venha o colapso da sanidade,
pois a paixão é nossa forma de amar.