DAS DORES DA MINHA SAUDADE
Poesias Gaúchas | Antologia Clube da poesia e declamação gaúcha | Kaco AndradePublicado em 29 de Outubro de 2025 ás 15h 09min
A saudade é terra seca
Num descampo de arado
Que faz o tempo, parado
Se estender pra eternidade
É silencio na cidade
que outrora foi vida em festa
É o todo do nada que resta
Se transmutando em verdade
Saudade é sabor amargo
Ardendo em gosto de fel
É tempestade de céu
Caindo em manga e aguaceiro
É um punhado do inteiro
Que ficou pra ser metade
Pra amansar "soledades"
Dum coração caborteiro.
Saudade, remanso e dor
Que dói sem nunca querer
Que vem pra permanecer
Dolorosa e escarnecida
Saudade é sopro de vida
Refeita em ressurreição
É espinho e floração
Pra uma alma perdida
Saudade é vento do inverno
Que sufoca o coração
É por vezes ...direção
Pra quem cansou de andejar
É adaga a transpassar
Sangrando fundo na alma
É confusão e ‘descalma’
Que vem pra nos amarrar
Saudade é falta de gesto
No olhar de quem se foi
É pranto e berro de boi
Que na lida silenciou
É geada que restou
De um sentimento vazio
É adeus pra quem partiu
E ausência pra quem ficou
As saudades que me habitam
Tem lamuria e desvario
De manso fundão de rio
De corrente sobriedade
Um lançante sem vaidades
De barrancas e incertezas
Ondejando as correntezas
Das dores da minha saudade.