Cordel do Apostilamento

Cordel | Antologia Romeu Donatti e convidados - História de Escola | Fátima Cordelista
Publicado em 08 de Março de 2024 ás 14h 45min

 

“Cordel do Apostilamento em Espanhol”

 

Santo Deus onipotente

Bom Jesus de Nazaré

Deixe-me escrever em versos

Um caso em que botei fé

Um curso de espanhol

Vou lhes narrar como é

 

Para iniciar o curso

Houve uma seleção

Da qual eu participei

Apenas da inscrição

Porque no dia da prova

Era a “Festa de João”

 

Porque eu perdi a prova

Já amanheci chorando

Achei que havia perdido

Tudo que estava esperando

Sem saber que minha chance

Já estavam preparando

 

Na próxima oportunidade

 Me escrevi com presteza

Pois coisas que o homem faz

 Não é como a natureza

Águas que descem do rio

Não voltam na correnteza

 

Porém a sorte bateu

Duas vezes á minha porta

Porque quando Deus escreve

A linha pode ser torta

Quem tem que ser felizardo

Sua sina ninguém corta

 

Quando o curso começou

Houve um esclarecimento

De como ocorreria

O seu funcionamento

Dividido as disciplinas

Chamou-se Apostilamento

 

Na lista do professor

Tinha mais cem escritos

Porem na sala de aula

O grupo era restrito

Muitos estavam de férias

Nem viram o que estava escrito

 

Nossa turma iniciou

Com bem menos da metade

Pela manhã eram oitos

Já eram doze à tarde

Porem duas desistiram

Faltou coragem ou vontade

 

Mas o professor Miguel

É uma figura rara

 Demonstra capacidade

Não fica fazendo marra

Fala, brinca, canta e dança

Trabalha com muita garra

 

Temos colegas bacanas

A turma é maravilhosa

Na sala durante as aulas

 A amizade é gostosa

Somos participativos

E fazemos muita prosa

 

O “Charles Brown” de Sorriso

È Gaiata e brincalhona

De tudo ela faz piada

Algumas bem sem vergonha

A colega Ivelina

Também não faz cerimônia

 

Já o restante da turma

São mesmo aqui da cidade

Todos profissionais

De muita capacidade

Trabalhando e estudando

Aprendendo de verdade

 

Chegou um grupo bacana

De amizade belíssima

Andam sempre os três juntinhos

Tem postura educadíssima

São os homenageados

José, Maria e Santíssima

 

Ainda há as amigas

Que em Sinop não moram

Rosalina poetisa

Que faz poema na hora

A colega Luciana

Essa não chegou agora

 

Estudamos com Miguel

A gramática e a estrutura

E dos países latinos

 A história e a cultura

Ouvimos varias canções

Fizemos muita leitura

 

Quando ele foi viajar

Ai o bicho pegou

Deixou-nos tanta tarefa

De tudo que ele ensinou:

É a prova, a carta e o texto

Quase ninguém terminou

 

A professora Lucy

Trouxe uma matéria nova

 Mostrando a fonologia

Como a língua se renova

Ensinou vibrar a língua

E agora vai dar prova

 

Se a prova fosse de língua

Charlie Brown tirava dez

A pronúncia da Ivelina

Também pega esse viés

Mas a língua de Dhiane

Vai valer 10x10

 

Porem na hora da prova

 Ficamos bem concentrados

Só se ouvia das folhas

Levemente seu chiado

E o aroma da sala

 Era de chifre queimado

 

Uma musica que tocava

Para ajudar a relaxar

Na verdade atrapalhava

Agente raciocinar

Tomara que essa prova

Não seja pra reprovar

 

Eu acabei logo a minha

Chega de tanto escrever

Se não aprendi na aula

Agora é que não vai ser

Enche a barriga comendo

Não adianta lamber

 

Depois pra descontrair

A turma se organiza

Levando a professora

Ao Buritis pra jantar

Comeram pizza de metro

Tomar chopp e papear

 

Miguelito esta de volta

Mas esta de mau-humor

Não parece satisfeito

Não sorriu nem, por favor,

Será que isto é saudade?

Ou falta de seu amor?

 

Agora está melhorando

Acalmou seu coração

Já fez algumas gracinhas

Demonstrou descontração

 Nossas aulas melhoraram

Com clara compreensão

 

Quando o professor Miguel

Começou a explicar

Todos os tempos verbais

Pra a gente decorar

Deu certo calafrio

De o cabelo arrepiar

 

A cada dia que passa

Vai aumentando a pressão

Tanto nos textos do livro

Como na avaliação

Quem errava em quatro folhas

Dobrou a concentração

 

Vai sobrar muita tarefa

Até agente voltar

Vamos completar o livro

Para poder entregar

Vamos responder a prova

Para os erros consertar

 

Está pensando que é moleza

 Estudar o espanhol

Ta ficando complicado

E não pode ser portunhol

Tem neguinho rebolando

Igual minhoca no anzol

 

Já estamos concluindo

A terceira disciplina

Ainda estamos arranhados

E a fala não contamina

O professor se esmera

Porém não é vitamina

 

A prova foi um arraso

O professor comentou

Cometemos tantos erros

Que ele se apavorou

Se ninguém aprendeu nada

É porque não estudou

 

Aprender verbo é difícil

Seja em que língua for

Estruturar uma frase

É preciso dar valor

A colocação verbal

Respeitando seu teor

 

Porém a maior angústia

Que nos deu essa lição

É que somos professores

Já temos uma noção

Pense nos nossos alunos

Que estão em formação

 

 

Precisa levar a sério

E estudar de verdade

Pensar que nos assumimos

A responsabilidade

De ensinar Espanhol

À nossa sociedade

 

Ensinar o que não se sabe

É tarefa dolorosa

Atrofiando os alunos

De maneira vergonhosa

Cada um dá o que tem

Tenha postura honrosa

 

Nessas aulas de gramática

Foi uma chateação

Ter que estudar os verbos

Modos e conjugação

Decorar como acontece

Sua utilização

 

Enquanto Miguel mostrava

Uns slides com os verbos

Alguns colegas nervosos

Reagiam quase aos berros

Quem inventou a gramática

Já deve esta no “Inferno”

 

Porem não existe formas

De agente aprender

Sem estudar a gramática

Decorar para aprender

Pois a estrutura da língua

 Todos precisam saber

 

Nossa turma gosta muito

De agradar ao professor

E o levaram pra sair

E ele se comportou

Foi de moto com Marilda

Mas nela não segurou

 

Fizemos mais duas provas

Uma escrita e outra oral

Entregamos os trabalhos

Ocorreu tudo normal

O mestre estava inspirado

E até de alto astral

 

Nos trouxe algumas canções

E umas mensagens legais

Canção de Luiz Miguel

O Henrique Iglesias é demais

São todos em espanhol

Em beleza são geniais

 

Estão quase terminando

Nossas aulas com Miguel

Ele já esta indo embora

Mas já cumpriu seu papel

Só falta fechar as notas

Que é a parte mais cruel

 

Fizemos uma festinha

Com gosto de despedida

Tinha bolos, salgadinhos

E também muita bebida

Mas o seu real sentido

Era a saudosa partida

 

Concluídos os trabalhos

Sobre linguagem e gramática

Na despedida os abraços

De forma alegre e simpática

Agora a nossa tarefa

Será mostrada na prática

 

Esta é a última semana

De nossa primeira etapa

Essa nossa professora

 Tem a mistura de japa

Esta na cara e no nome

Mas da língua não escapa

 

Estamos fazendo agora

O mapa conceitual

A leitura do livro

De coesão textual

Nossa produção de texto

É o ponto crucial

 

Inda vai sobrar trabalho

Um artigo pra fazer

Baseado nesse livro

Que acabamos de ler

Ô coisa mais complicada

É o tempo pra escrever

 

Tenho tempo e competência

Para escrever poesia

Só não tenho paciência

Pra muita antipatia

Precisamos respeitar

 O cansaço da maioria

 

 

Nosso penúltimo encontro

Foi numa macarronada

Que Marilda preparou

Com muito molho e salada

Comeram e tomaram vinho

Até ficar “mareada”

 

Havia muitas mulheres

Esposas e namorados

Entre eles um amigo

 Que também foi convidado

 Só faltaram os preguiçosos

Que sempre vivem cansados

 

Quando voltamos em julho

 Foi m caso de arrasar

Mesmo em período de férias

Não se pode descansar

 Miguel chegou empolgado

E nos pôs pra trabalhar

 

Partimos pro livro azul

Como doido em milho assado

Era leitura, exercício

Trabalhos apresentados

Nunca no mesmo período

Vivemos tão apertados

 

Durante uma semana

O livro foi pra metade

Ainda tinha o restante

E mesmo contra a vontade

Começamos a preparar

Uma aula de verdade

 

Organizados em duplas

Para o planejamento

Montar um plano de aula

Com seu desenvolvimento

O tema, os objetivos

E  avaliação do evento

 

No dia de apresentar

Foi a maior correria

Cada dupla ia na frente

Na mais perfeita harmonia

Dando uma aula bacana

Mas nossa fala tremia

 

Nos dedicamos ao Máximo

Em nossa apresentação

Quando a gente concluía

Miguel fazia um sermão

 Não nos dava um elogio

Arre! Que decepção!

 

Em seguida nos deixou

Um trabalho de lascar

Fazer a observação

Na escola que encontrar

Relatar tudo que ver

E depois avaliar

 

Nosso tempo é apertado

Porque temos compromisso

Em nossa sala de aula

E ninguém tem nada com isso

Quem mandou inventar curso

Agora arrumou serviço

 

 

Distribuímos  o tempo

Trabalho e observação

O livro para completar

Regência e avaliação

Quase morava na escola

Isso arrebenta um cristão

 

Nos deixaram os trabalhos

Com data pra apresentar

CEFAPRO cedeu a sala

Foi uma pára pra acerta

Todo mundo trabalhando

Sem tempo pra preparar

 

Contudo apresentamos

Nossa aula de regência

Passamos nosso recado

Com clareza e competência

Cada um a sua forma

Demonstrou inteligência

 

Agora que retornamos

Em pleno 2011

Miguelito não voltou

Esta de férias bem longe

Mas podemos demonstrar

Que o hábito não faz o monge

 

Iniciamos a etapa

Que deve ser a final

Fazendo o curso de LIBRAS

Com um professo genial

Nossa turma ficou junto

Com outra turma legal

 

Os colegas reunidos

Com um único objetivo

Contribuíram entre si

Para ter nobre motivo

Fazer o aniversário

Com um bolo coletivo

 

Foi uma festa alegre

Os colegas animados

Três aniversariantes

Foram homenageados

Não precisa muita coisa

Pra ficarem emocionados

 

Recebemos muito aplauso

E abraços de parabéns

Tomamos refrigerantes

Comemos bolo também

Cobertura de morangos

Que não sobrou pra ninguém

 

Ficamos uma semana

Tentando aprender sinais

Cada um se esforçando

Com os dedos duros demais

Compreender os sentidos

Consultando os manuais

 

Porem no dia da prova

Todos estavam animados

Alguns muito apreensivos

E outros bem  cansados

Cada um se apresentava

E já sabiam os resultados

 

Nesta segunda semana

Que estamos na escola

Encontramos Javier

Com literatura espanhola

Uma apostila em três dias

Ou se aprende  ou se esfola

 

Nossa turma agora está

Toda junta, misturada

Só temos um professor

Com essa tripla jornada

Enquanto a literatura

Esta muito complicada

 

A leitura literária

É feita de alegorias

Podemos compreender

As criticas e as ironias

Figuras apresentadas

Com muita sabedoria

 

Recebemos a visita

Da nossa coordenação

Representando a SEDUC

Propondo negociação

Temos que repor a aula

Se for pra a atribuição

 

Vemos que pra nosso curso

 Veio uma verba dos diabos

Cursista eu vem de fora

Se vira como coitados

E o papel do banheiro

Tem que usar dos dois lados

 

 

 

Não influência em nada

Tudo o que ela esta dizendo

Essa “coisa despeitada”

Vai ficar se remoendo

O curso esta acabando

E nos estamos vencendo

 

Hoje chegou Mariângela

Deu o ar de sua graça

Falou de seu mal-estar

Mais não lamentou descraça

Nos entupiu de trabalho

E não aceita trapaça

 

Nessa tarde Javier

Esta que não cabe em si

Se esmerou no discurso

E fez todo mundo rir

Mostrou-nos até um vídeo

Depois deixou-nos sair

 

Porem na manhã seguinte

Retornamos na gramática

Lendo, fazendo exercícios

Mas quando chega na pratica

Fazemos uma bagunça

Não temos muita didática

 

Nosso novo professor

Esta até se esforçando

As colegas se entre olham

Unas ficam suspirando

Que saudade de Miguel!

Que falta estas nos causando!

 

Separaram novamente

Cada turma numa sala

Estávamos acostumados

Com nossos colegas “malas”

Agora que estamos juntos

Ninguém mais  nos atrapalha

 

A idéia de Mariângela

Deixa as orelhas queimando

Trabalhar todos os países

Latinos americanos

Pesquisar, fazer slide

Concluir apresentando

 

O que se pode fazer

Se estamos no prejuízo

É a lei do manda quem pode

Obedece quem tem juízo

Não podemos discutir

 Pois estudar é preciso

 

Finalizo este cordel

Agradecendo a atenção

Tendo  em nosso professores

Imagens da instrução

 Meus colegas desse curso

A minha admiração

 

Cada um tem sua vida

O momento na história

Revendo nossos conceitos

Dessa nossa trajetória

Encontramos nessa lida

Louros para nossa glória

 

 

 

 

 

 

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