COLORIDO BICHINHO

Contos | Lene Santos
Publicado em 12 de Setembro de 2022 ás 16h 02min

No interior, muito longe do mar, em um lugar plano, onde se faz muito calor, no estado do Mato-Grosso, vivia uma menina travessa com o coração vivo de alegria, cabelos longos encaracolados e castanho médio com seus olhos de cor verde esperança.
Em um passeio próximo à biblioteca municipal de Sinop, ela observou ao caminhar com sua família; parecia coincidência; todos estavam com alguma peça de roupa cor verde. Eram pessoas com seus animaizinhos de estimação.
Casas e casebres, o pai de Valentina, nas casas, nas praças, seus ensinamentos eram ouvidos por multidão que o seguiam e admiravam sua sabedoria. 
Porém, ali estava um problema, uma incógnita talvez, com esse novo modo de viver, Valentina mesmo ao lado do pai, sentia-se desolada e com saudades de um abraço com cheirinho de café e essência de baunilha.
Foi então que enquanto Valentina comia um pedaço do pudim; maravilhoso feito pelas mãos da funcionária que habitualmente preparava seu café da manhã, senta-se próxima ao seu pai, foi logo se expressando por meio de seu discurso infantil e tão bem estabelecido. 
E seu pai mastigando lentamente, seu silêncio aumentava e a voz da garotinha tomava conta do ambiente, ela queria um lindo bichinho de estimação, não queria cachorro nem gato, queria algo raro de hoje em dia como um abraço para aquecer seu coração e preencher a ausência que ali sentia.
seu pai a olhava pensativo.
Era uma menina, acordando.  
-Desculpe-me! Exclamou a menina rastejando para ficar ao lado do seu pai com seu pedaço de pudim. 
– Aqui está bom!
-Tudo bem...É que essa ideia de ter um bichinho de estimação, ocasionou uma bagunça danada nos meus pensamentos.
-Você vai adotar ou comprar?
-É o primeiro passo, assim que geralmente acontece papai.
Valentina tinha tido uma ideia!
- Eu quero um bichinho extraordinário e que não saia de casa e fujas do lar.
E os pensamentos do papai voavam em círculos, mas, em seguida retomava ao momento em si.
- O que foi? o que aconteceu? Isso é normal? Indaga a menina.
-Nada demais! Às vezes acontece, não controlo muito bem os meus voos pensantes, mas isso não vem ao caso, o que importa é qual bichinho vamos ter em nosso lar.
Rapidamente Valentina soltou um berro:
-CAMALEÃO.
E o papai: 
-CAMALEÃO?
- Sim papai, sinto saudades de ter uma amizade tranquila.
-Parece loucura, mas vamos ter esse tal Camaleão em casa. 
Disse o papai.
Depois de muito pesquisar, na volta  do serviço para casa, papai trouxe o Camaleão.
Valentina encantada, abriu um sorriso choroso agradecendo-o.
E os dois começam a criar um viveiro dentro de um aquário, uma verdadeira mata encantada. 
De repente, Valentina ao olhar atentamente seu Camaleão, lá estava o camaleão atento e em um dado momento passa um inseto, batendo suas pequenas asinhas; mal sabia ele que seria suas últimas batidas antes de conhecer a luz divina em que dizem que habitam as almas.O camaleão lança sua grande língua que parece percorrer quilômetros como um carro vermelho de corrida, e  assim lança sua língua protrátil e rápida no qual nesse mesmo instante o inseto começa a se despedir de sua vida nessa extrema pegajosa captura, pelo seu infeliz trajeto mal escolhido.
E seu réptil mesmo sem falar português foi ensinando sua querida amiga, a ser muito observadora. 
A característica mais peculiar de seu Camaleão é que podem girar os olhos, pois seu cérebro consegue associar duas imagens recebidas, em que Valentina aprendeu a fazer um pararelo associando seu pai à figura de educador e pai, ensinando- a abraçar mais e tornando-a mais observadora no caminhar de todas as situações de sua vida.
O camaleão parte agora, como o fez com vários insetos, dolorido momento. Mas, como com sua coloração o medo e a angústia passam entre o azular e o alaranjar das emoções. Passou... 
- Esse negócio de mudar, funciona mesmo. Disse ela.
Valentina agora se encontra na vida adulta, desenroscou seus medos e a cada desenrolar surgia uma nova oportunidade, abrindo uma nova cor e um tom na sua camada sobreposta da vida, no qual vai  renovando suas células especiais, chamadas de esperança.

Comentários

Lindo conto, que as cores do camaleão tragam novas conquistas e muitas esperanças! Parabéns!

Edbento | 12/09/2022 ás 16:48 Responder Comentários

Deixo minhas singelas palmas...

Eidi Martins | 12/09/2022 ás 21:38 Responder Comentários
'

Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.