Ciclos de Outono
Poemas | Antologia Rosemeire Santos e convidados: Manhãs de outono | Carlos Roberto RibeiroPublicado em 05 de Setembro de 2024 ás 15h 43min
Ah, o outono!
Vem suave, como um suspiro antigo,
trazendo doces lembranças
de amores vividos na primavera,
quando os campos floresciam
e o coração dançava sem medo,
como pétalas ao vento.
O outono me ensina, em sua quietude,
que as folhas caem por um propósito maior.
Elas despem os galhos
não como um fim, mas como uma promessa,
preparando o espaço para os frutos
tão esperados por quem semeia,
quem espera,
quem sabe que, na dança da vida,
cada ciclo é necessário.
As folhas caídas são lições do passado,
lembranças dos amores
que se foram com o vento,
mas cujas raízes seguem firmes.
E no silêncio da estação,
eu reflito sobre a beleza
de deixar partir o que já cumpriu seu papel,
para que o novo floresça.
Ah, o outono!
Com suas cores quentes e brisas frias,
sopra segredos de tempos idos,
enquanto o chão se veste de folhas,
como lembranças deixadas por quem passou.
E eu, imerso em sua melodia silenciosa,
mergulho na serenidade de aceitar o que foi.
No balanço suave das folhas,
vejo que os amores da primavera
nunca se vão por completo.
Eles habitam a memória das árvores,
alimentam o solo,
germinam de formas novas, invisíveis.
São as sementes escondidas
no ventre da terra,
prestes a brotar, quando o inverno permitir.
E assim, o outono me acolhe,
com suas mãos gentis,
mostrando que o ciclo nunca se rompe.
É preciso aprender a deixar ir
para que o que foi cultivado
renasça em outra estação,
mais forte, mais profundo,
como o fruto que se esconde
no ventre da espera.
Ah, o outono!
Testemunha de que há beleza
não só no florescer,
mas também no cair, no soltar,
no acreditar que tudo tem seu tempo,
e que o fruto mais doce
é o que vem depois do silêncio.