Somos troncos de madeira e tempo,

esculpidos pelo vento de um amanhã que tarda.

Já fomos raízes, crianças de olhos vastos,

pequenos rios correndo pela vida,

sem saber que o mar da idade nos espera.

Ah, o que fizemos com o tempo?

Guardamos sonhos no peito,

como quem guarda o sol numa garrafa

achando que a luz nunca vai fugir.

Mas os dias passam, meu amigo,

como folhas caindo de uma árvore

que insiste em esquecer o verão.

Olhe para mim, sou a criança que você foi,

aquela que acreditava que o agora era eterno.

Mas também sou a velha de olhar profundo,

carregando nos olhos as histórias

que não tive coragem de contar.

As rugas em minha pele,

cada uma uma palavra não dita,

cada uma um sorriso sufocado,

cada uma um abraço que deveria ter durado mais.

O tempo correu entre meus dedos

como areia fina de uma praia distante.

E você?

Você está esperando o quê?

O amanhã, que você jura que chegará sem falhas?

Ou o beijo que guarda para depois?

O abraço que prometeu no Natal passado?

Mas ouça: o tempo é uma chama invisível,

e o futuro não é uma promessa,

é uma faca afiada nas costas dos que esperam.

Viva agora, dance enquanto ainda há música,

e não se esqueça de rir alto,

como se o mundo dependesse do seu riso

para continuar girando.

Pois um dia você será também a velha escultura,

partida ao meio,

com uma criança dentro de si que ainda sonha,

presa numa casca que o tempo feriu.

E quando esse dia chegar,

que suas rugas contem histórias de alegria,

que seus olhos carreguem a luz

de quem viveu cada segundo como um milagre.

Hoje é o seu dia de moldar o destino.

Quebre o silêncio, quebre o medo,

e deixe sua alma florescer,

como se a vida fosse um jardim

e você o jardineiro esquecido.

O tempo é o que você faz dele.

Então faça dele um poema,

um sorriso que dura,

um amor que contagia

e uma vida que valeu a pena ser vivida.

Viva, antes que o tempo vire pedra.