Chuva forte na infância
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 19 de Novembro de 2025 ás 16h 28min
Chuva forte na infância
O telhado cantava,
uma canção de metal
sob o ataque frenético da água.
Gotas grossas,
como balas de vidro,
escorriam pela janela,
distorcendo o mundo lá fora.
Dentro, o cheiro quente
de terra molhada misturado
com o café da tarde da avó.
Um refúgio aconchegante,
enquanto o mundo se afogava
num véu cinzento.
A brincadeira interrompida,
a rua alagada,
transformada em rio.
Barquinhos de papel,
navegando em correntezas bravas,
uma aventura improvisada.
O medo do trovão,
um rugido distante,
mas logo, o sono pesado,
embalado pela sinfonia
da chuva forte.
E a certeza de um novo dia,
limpo e renovado,
aguardando lá fora.