O veneno estava lá. Eu não queria beber, mas, seduzido pelo engano, caí no golpe que eu mesmo me dei.
Tomei até a última gota. O sabor era incrívelbom, até o fim. Depois, o vazio da garrafa transbordou até minha alma.
Agora me afogo no desespero, submerso em minhas angústias. Estou cheio de nada, pois tudo que tenho são mentiras perversas, como lâminas afiadas rasgando minha carne.
E o único grito que escuto é o meu próprio, preso no eco surdo da solidão, dizendo que será a última vez. Mas eu sei… não será. Luto uma guerra perdida, mesmo sabendo como vencer.
Insisto em perder todas as batalhas. Como o vento, vou e volto, entre o desejo de ter e o medo de conquistar. Sou águiaposso voar alto, tocar o céu, mas escolho a cela dos meus próprios pensamentos. E nela, apenas a solidão, a tristeza e a angústia me fazem companhia.