CANTIGA DE MARIA: O CANTO DA SUPERAÇÃO

Prosa Poética | Antologia Ingrid Mohr e convidados: Vivências e essências | Edson Bento
Publicado em 30 de Julho de 2024 ás 19h 35min

“Cantiga de Maria:
O canto da Superação”

 

Ela era lindamente negra
De olhos grandes amendoados 
Mulher simples pobrezinha 
Batizada por Maria do Carmo
Apelida de Carminha
Amava cantar seus versos.
 
Nascida no ano de 1918
No interior Minas Gerais
Cantar era só um sonho
A fome falava mais alto
Ataulfo Alves era seu ídolo
Migrou para o RJ sem os pais
 
Foi a luta com bravura 
Sempre como empregada
Trabalhando como escrava
Tinha plano alvissareiro
Mal terminou o ensino básico 
Em favela do Rio de Janeiro. 
 
Contando com muita sorte
Dona Augusta a conheceu 
Senhora de família nobre 
Como uma mãe a deu abrigo 
Também a deu trabalho digno
Em uma pensão ela viveu.
 
Conheceu o motorista João 
Por quem se apaixonou 
Que por essências do coração 
Dele se engravidou 
Carminha deu à luz na pensão 
Só assim João a força casou. 
 
Porém, muito doente 
Por contrair tuberculose 
Deixou seu querido filho
As custas da mísera sorte
E com apenas 26 anos
Carminha veio a morte.
 
Lília filha de D. Augusta
Comovida com a situação 
Adotou o pobre menino 
Com consentimento de João
Dando todo o amor e carinho
E refinada educação.
 
O menino foi levado 
Para Três pontas, Minas gerais
Onde muito inteligente 
Lília ensinou tocar piano 
Cantar em bailes e festivais 
Era o seu cotidiano.
 
Com todo o amor materno
Entregou-se à música e a poesia
Fez da sua história seu manto
Da sua voz o mais lindo canto
Assim nasceu Maria, Maria, Maria
Mãe de Milton Nascimento.
 
E assim ele cantou…
Maria é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar 
E não vive, apenas aguenta. 
 
Edbento

Comentários

Que bela história, poeta amigo! Parabéns é pouco, poeta! Seu poema é digno de nota 10. Adorei!

Lorde Égamo | 29/07/2024 ás 20:13 Responder Comentários

Obrigado poeta amigo, o reconhecimento nos fortalece. Abraço poético!

Edson Bento | 29/07/2024 ás 20:25 Responder Comentários

Que beleza de história, a narrativa em forma de proza poética, só laureou seus escritos. Parabéns!

ADAILTON LIMA | 29/07/2024 ás 20:55 Responder Comentários

Obrigado querido Adailton, abraço poético!

Edson Bento | 29/07/2024 ás 20:58 Responder Comentários
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