De camadas sou,
assim como a cebola.
Escondo dentro de mim
coisas que pra ninguém contei.
Quem olha de fora
vê beleza,
mas é nas profundezas
que se escondem as tristezas.
De camadas sou.
Escondo no coração
coisas que a ninguém contei.
Quem olha pode ver
aparência normal,
mas, lá no fundo,
escondidas estão
as minhas lamentações.
De camadas sou,
às vezes impenetrável,
inacessível.
De fora ninguém nota,
mas é no interior
que toda a dor brota.
Se alguém me perguntar:
“Sempre foste de camadas?”
Resposta imediata:
essa vida tão sofrida
obrigou-me,
por proteção,
a encher-me de camadas.
De camadas sou.
Poema: lírico. Escritora:Rose Correia 28/01/2025.