BRINCANDO DE MÉDICO

Contos | 2025 - MAIO - Laços de família: Histórias de amor e conexão | Lorde Égamo
Publicado em 13 de Março de 2025 ás 12h 08min

Brincando de Médico

        Todas as crianças têm suas brincadeiras preferidas, quanto mais perto de travessuras, diabruras, melhor.

        Eram quatro irmãos. Um menino e três meninas. O menino, Fábio era seu nome, como toda criança de sua idade, quando tinha seus 9, 10 anos de idade adorava brincar na rua com seus amiguinhos. A brincadeira principal era com bolinha de gude. Estecava (esse era o termo usado para atingir com sua bolinha as demais) e a todas rapelava, (termo usado para ganhar as bolinhas) assim, dos seus pequenos companheiros.

        O fato relatado aconteceu quando ele tinha 6 anos de idade. Sua irmã mais velha, Mariana, tinha sete anos, a segunda irmã, Raílda, a do meio, tinha 5 anos e a mais nova, Rute, 4 anos. Essas eram as crianças com suas respectivas idades. Uma escadinha!

        Certa noite seus pais saíram para fazer compras e deixou Mariana, a filha mais velha, menininha com apenas sete anos, cuidando dos demais irmãozinhos.

        As meninas pegaram suas bonecas e foram para um canto, deixando o irmãozinho sozinho, com seus carrinhos e suas bolinhas de gude.

        As horas vão passando e a coisa vai ficando chata, sem graça, monótona para todos, quando alguém tem a “feliz ideia” de brincar de médico.

        O pai das crianças tinha em casa um remédio que era passado nos lábios, quando rachavam em virtude do forte frio que fazia na cidade. Esse remédio tinha o sabor adocicado, mas não era para ser ingerido, caso o fosse poderia causar danos irreversíveis.

        Diante do tédio as crianças abraçaram a ideia de brincar de médico e fizeram um “teatrinho”, onde Fábio seria o “médico”,  a irmã mais nova seria a “paciente que estava doente”,  a irmã mais velha seria “mãe” da “paciente” e a irmã do meio servia como “enfermeira”.

        Nesse “teatrinho” a “mãe” chegou com sua “filha” ao “consultório” e foi atendida pela “enfermeira” que a encaminhou ao “doutor”.

        Este “examinou a paciente” e, de pronto, a “medicou” com um remédio que a faria “sarar do mau que sentia”. A pequena tomou duas colheres de sopa daquele fatídico remédio, aquele de passar nos lábios.

        Passado algum tempo acabou a brincadeira, todos foram dormir.

Num determinado momento Rute começou a choramingar. As crianças se levantaram e observaram que várias brotoejas haviam se formado e se espalhavam por todo corpinho infantil. Com certeza era intoxicação. A coceira era generalizada e a menina chorava. Seus irmãos não sabiam o que fazer enquanto ela passou a sentir febre e a vomitar. Nessa angústia seus pais chegaram e os encontraram naquela aflição. Perguntaram o que havia acontecido e eles contaram tudo, como a brincadeira se deu. Seu pai, atordoado, saiu correndo com a menina para o primeiro pronto-socorro. Não deu outra. Era intoxicação com aquele remédio. Fez-se lavagem intestinal. A pequena passou a noite no hospital, em observação e seu pai a fez companhia.

        O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069 de 1990 determina que a criança deve ser assistida por seus pais. O bom senso determina mantermos sempre uma pessoa adulta que possa ser responsável por um bando de inocentes crianças cuja mente está voltada a brincadeiras e não sabem mensurar as consequências de suas travessuras. Caso esse fato acontecesse nos dias de hoje, o hospital teria lavrado um boletim de ocorrência e os pais, por certo responsabilizados. A punição seria do tamanho da gravidade.

        A partir desse dia, os pais não mais deixaram os filhos sozinhos, sem um adulto por perto e aquelas crianças aprenderam que travessuras também têm limites. Caso contrário, se os limites não forem obedecidos poderá causar danos irreparáveis colocando em risco a vida de inocentes.

       

                         Lorde Égamo

Comentários

Um texto de utilidade pública. Criança tem que ser monitorada o tempo todo. Parabéns!

ADAILTON LIMA | 13/03/2025 ás 12:34 Responder Comentários

O importante é sempre ter um adulto perto.

SERGIO EDUARDO DA SILVADa Silva | 13/03/2025 ás 14:16 Responder Comentários
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